Ecovilas – Sobre um novo modelo de relacionamento e tomada de decisões

(image: aurovilleradio.org)

Democracia? Centralização de poder? Monarquia?

O mundo moderno passeia entre essas 3 formas de relacionamento sócio político e nenhuma delas cumpre suas metas e princípios.

Um poder para ser legitimo precisa ser amparado em conhecimentos e habilidades, e o consenso não existe.

Essa idéia romântica tem prejudicado muitas ecovilas na solução de seus conflitos.

Existem conflitos quando não existe maleabilidade e abertura para as mudanças; e o que mais dificulta é a desconfiança e o autoritarismo.

Modelos circulares de gestão, conselhos, liderança espiritual, trabalhos de alinhamento do grupo e meditação em comum, tem sido algumas das soluções aplicadas nas sociedades alternativas, como é o caso de uma ecovila.

Na Viver Simples preenchemos um questionário e o estudamos durante 6 meses o tipo de gestão preferida pelos seus fundadores.

A mais votada e escolhida foi a gestão por conselhos.

Já temos o sucesso do conselho de construções e do financeiro que possibilitou a construção rápida e eficiente de nossas unidades.

Ainda não sabemos como vão funcionar os conselhos de marketing, soluções, produção e manutenção, mas já sabemos que as pessoas que são eficientes nessas funções, terão o apoio e a confiança total de todo o grupo.

Acredito que o sucesso desses conselhos vai depender da capacidade de cada um em assumir suas responsabilidades, usar seus conhecimentos, aprender a aprender, a funcionar em rede e tomar as decisões necessárias, comunicando de uma forma transparente suas razões e motivos.

A transparência e os relatórios enviados ao grupo, a votação dos assuntos contraditórios, e, sem duvida alguma, o resultado positivo final de decisões que espelham o modelo natural a que nos propomos é imperativo para que esses conselhos conquistem a confiança da maioria.

Esse tipo de gestão só pode ter sucesso em pequenas comunidades, onde é possível uma discussão rápida e uma tomada de decisão com o apoio de todo o grupo.

Todas as vezes que tivemos divergências na Viver Simples, recorremos a nossa convenção, e ao bom senso.

A abertura para a mudança dos insatisfeitos, e o objetivo essencial do projeto voltou a ser prioritário e as coisas puderam retornar naturalmente ao normal.

Acredito que um projeto bem estruturado, que mova as pessoas pelo coração, seja imprescindível para resolver divergências e vontades pessoais que não se harmonizam com seus objetivos finais.

Sem um projeto claro, apaixonante, que mova as pessoas em sua direção, fica muito difícil resolver conflitos.

Ely Britto
Idealizadora da Ecovila Viver Simples
Instrutora Sênior de Alquimia Interna Taoista
Pesquisadora do I Ching

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