Diferenças entre “EU” e “MEU”

por Ken O’Donnell – Redescubra a base para a transformação: a diferença essencial entre o corpo físico e o espírito não físico.

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As duas palavras mais comuns na maioria das línguas são, provavelmente, eu e meu.

Nossos mundos pessoais giram quase exclusivamente ao redor delas.

É preciso entender suas implicações mais profundas se quisermos delinear novamente nossos limites.

Normalmente, uso a palavra meu para referir-me a todas as coisas que não são eu — minha mão, meu rosto, minha perna ou até meu cérebro, minha mente, minha personalidade, e assim por diante.

Da próxima vez que eu disser minha alma, talvez me lembre de que realmente não posso dizer minha alma, pois eu sou uma alma.

A diferença entre eu e meu é a mesma que entre alma e corpo.

O exemplo de uma faca ilustra isso.

Posso usá-la para cortar um tomate ou para apunhalar alguém.

A faca nem decide nem experimenta, mas pode ser lavada facilmente debaixo de uma torneira.

É fácil perceber que a faca é um instrumento, mas é mais difícil perceber que os dedos são um instrumento também, e não apenas os dedos como também os braços.

As pernas são instrumentos para andar, os olhos para ver, os ouvidos para ouvir, a boca para falar, respirar e saborear, o coração, para bombear alimento e oxigênio para o corpo, e assim por diante.

Mesmo o cérebro é como um computador usado para expressar todos os programas de pensamentos, palavras e ações pelo corpo e para experimentar os resultados.

Se cada parte física do corpo é um instrumento, quem ou o que o está usando?

Muito simples: sou eu para si e a palavra meu para se referir ao corpo: minha mão, minha boca, meu cérebro. Eu sou diferente de meu corpo.

Por meio da consciência de meu, expandi-me muito longe — não apenas com relação ao corpo e às faculdades internas, mas com relação às posses e relacionamentos: minha casa, meu carro, meu filho etc.

Com o tempo, todos esses meus que tento agarrar escapam de meus dedos.

Percebo sua natureza efêmera e, por falta de alternativas disponíveis, tento me agarrar a elas ainda mais e, assim, desenvolvo apegos e dependências.

Enquanto essa identificação persiste, minhas qualidades inatas (isto é, o que é realmente meu) estão fora de alcance.

Quando assumo minha verdadeira identidade como um ser espiritual, imediatamente recebo também acesso ao amor, à paz, à felicidade e ao poder que são partes de mim.

Uma lista de todos os fatores que me criam limites provavelmente incluiria itens como idade, sexo, saúde, família, profissão, defeitos e fraquezas.

Ao reivindicar direito de posse de tudo isso por meio da palavra meu, estabeleço os limites dentro dos quais tento operar minha vida.

Tendo estabelecido minhas próprias cercas, sempre que a tristeza aparece, um desses fatores torna-se automaticamente o bode expiatório.

Em vez de apontar o dedo numa forma de acusação ou queixa, posso adotar uma abordagem mais positiva.

Posso ser mais realista e aceitá-los não como fatores limitantes, mas como instrumentos que podem ajudar-me a melhorar minha experiência de vida.

Essa mesma lista pode ser o trampolim de minha transformação e liberdade.

Posso fazer uso total do estado ou da energia da juventude de acordo com o caso.

Posso tirar vantagem das características positivas de meu sexo, mesmo apreciando as características do sexo oposto.

Minha família e vida profissional podem ser experimentadas num outro nível mais elevado.

Posso descobrir por meio de fraquezas e defeitos o quanto tenho de aprender sobre mim mesmo.

O problema não está na lista de fatores, mas na consciência que tenho deles.

É uma questão de duas palavras: eu e meu.

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Extraído do livro Caminhos para uma Consciência mais Elevada, de Ken O’Donnell, publicado pela Editora Brahma Kumaris. Visite Brahma Kumaris.
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