Nave Nabucodonosor do filme Matrix

Redes sociais, Matrix e nós

Como eu já sou um coroa e uso internet desde os primórdios, "ganhei" uma visão "ampla" do impacto das redes sociais na "comunidade web".

A gente tinha uma expectativa de que a internet iria "libertar a raça humana", principalmente pelo fato de democratizar a palavra.

Mas o que aconteceu foi que as redes sociais entraram em campo e dominaram todo o ambiente, escravizando ideologicamente milhões de pessoas.

Não é exagero.

O gancho foi o vazio existencial e uma extraordinária atração por banalidades.

Me surpreendeu.

De repente surgiu o Orkut e qualquer um podia abrir uma conta e criar o seu próprio grupo.

Muitos optaram por "fugir" dos fóruns de debate (como esse atual), cheios de regras e moderação, para o ambiente "livre" do Orkut, onde a pessoa podia tratar de qualquer assunto, do jeito que quisesse.

E explodiu a superficialidade.. abaixo estão alguns grupos populares do Orkut, com milhares de seguidores.

  • Eu Odeio Acordar Cedo, 6 milhões de seguidores
  • Mulher não se pega, conquista!, 3 milhões de seguidores
  • Eu nunca terminei uma borracha..
  • Deus me disse: desce e arrasa..
    Tocava campanhia e corria..
  • Eu colho flores e Tony Ramos..
  • Só mais 5 minutinhos..

Um mar de bobagens que fez um sucesso espetacular e obscureceu a realidade.

Na sequência surgiu o Facebook, uma evolução em termos de rede social, e praticamente selou a tampa do caixão dos fórum de debate.

Pra quê gastar tempo e dinheiro com administração de servidor, controle de código, administração geral do site, etc, o Facebook oferecia tudo isso de graça, com 1, 2 cliques a pessoa criava sua página, seu fórum, seu grupo, impunha suas regras, se tornava "senhor(a) da razão", "manda chuva do pedaço".

Depois vieram o celular, os softwares de mensagem instantânea (whatsapp) e os memes.

Aí foi pra acabar.

Raros fóruns de debates sobreviveram, em português praticamente não existe mais nenhum.

E sabe qual é a força subliminar desse processo?

As pessoas falam para elas mesmo.

Só falam, ninguém ouve ninguém.

Não há interação de verdade.

Sobressai quem fala mais alto, quanto mais bizarro, mais visível.

E foi nisso que nos transformamos, não?

Parece que a raça humana optou por um perfil que "fala da boca pra fora", a pessoa vive uma persona, se comporta como tal, mas não interage realmente, não vê o próximo e também não se mostra (de verdade).

Soma-se a isso o fenômeno das endorfinas contidas nas relações de rede social, os likes, os compartilhamentos, que acabaram transformando as pessoas em viciadas por visibilidade barata.

Pense na loucura que é o Instagram, uma das redes preferidas aqui no Brasil.

Tudo se tornou forma.

Esse "monstro" evoluiu para sistemas sofisticados de inteligência artificial que aprenderam a dosar estímulos e criar ambientes "agradáveis e exclusivos" para cada usuário.

Tudo dentro de "determinados parâmetros"..

Um paralelo criativo, mas não tão distante assim, são aqueles casulos no filme Matrix.

Chocante, não?

Lembra da pandemia?

Pense nos milhões de pessoas trancadas em seus apartamentos e casas, alimentadas ideológica e fisicamente por um sistema automatizado.

Se mantiver o nível de criatividade, podemos comparar nosso site à nave Nabucodonosor.

Basicamente é isso que somos, uma posição antagônica às redes sociais em um contexto de sociedade distópica.

O desafio é imenso e enfrenta graves frustrações.

Do Orkut pra cá, as pessoas foram enganadas várias vezes, por vários personagens da política, religião, mídia, comércio, a lista é imensa.

O resultado é um ser humano que não acredita em ninguém.

Não acredita em nada.

Muitos tem aversão à realidade, talvez uma reação de auto defesa.

E todo dia me pergunto, será que vamos conseguir "juntar o povo"?

Será que isso vai nos salvar?

Será que precisamos (e merecemos) ser salvos?

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