A competição é uma característica essencial do sistema capitalista, funcionando como uma força motriz que incentiva os indivíduos a buscarem suas ambições pessoais.
No entanto, essa busca desenfreada por objetivos individuais pode tornar-se um ponto vulnerável do sistema, pois diminui a importância da coletividade.
Ao priorizar interesses individuais, a competição pode comprometer a cooperação necessária para enfrentar desafios econômicos, sociais e ambientais.
Assim, enquanto impulsiona o crescimento e a inovação, o capitalismo também revela sua fragilidade ao negligenciar a importância da união e do bem-estar comum.
Nós estamos em uma etapa avançada desse capitalismo, chamada neoliberalismo, que tem como um dos seus pilares a destruição, por assim dizer, do Estado (não de todo ele, à princípio, mas a parte que interessa ao povo).
Pra isso funcionar, existe uma engenharia social por trás, uma espécie de reprogramação ideológica, necessária para incutir conceitos que naturalmente você jamais aceitaria.
A mídia faz isso diuturnamente.
E o principal eixo de construção ideológica nesse caso é o mito do estado mínimo (e suas implicações financeiras, no final tudo se resume a dinheiro).
É mais ou menos como te convencer a privatizar a quadra multiuso do seu condomínio.
E você achar bom.
Juram de pé junto que tudo o que é privado funciona melhor que o público, o que é uma falácia, na medida em que algo pode até funcionar muito bem, mas não em benefício das pessoas.
Por exemplo, o Brasil tem um dos sistemas bancários mais avançados e seguros do mundo.
Parabéns aos bancos.
Mas o que você ganha com isso?
Espelhos?
O núcleo ideológico por trás do mito do estado mínimo é o individualismo.
E começa com espelhos, de fato.
O individualismo anda de mãos dadas com o consumismo, com a troca do conteúdo pela forma, com o narcisismo.
Um veneno que enfraquece a sociedade e acaba por dificultar nossas metas e objetivos de vida.
Concordamos (através dos mecanismos que temos à disposição, como eleições) com a destruição do estado e a privatização de empresas e serviços.
Ao mesmo tempo nos ressentimos da falta de estrutura (falta segurança, saúde, educação, transporte, falta pontes, avenidas, controle, fiscalização, etc, etc).
Um círculo vicioso, quanto mais precário o Estado, mais queremos privatizar, consequentemente menos o Estado satisfaz nossas demandas, mais insatisfeitos ficamos, mais queremos privatizar…
Ninguém sabe exatamente até onde vai essa espiral de miséria, esse jogo perde-perde.
O que me parece evidente é que o movimento de reversão desse ciclo tem que acontecer primeiro dentro das pessoas.
Conta uma história que Deus convidou um homem para conhecer o céu e o inferno.
Foram primeiro ao inferno.
Ao abrirem uma porta, o homem viu uma sala em cujo centro havia um caldeirão de substanciosa sopa e à sua volta estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas.
Cada uma delas segurava uma colher, porém de cabo muito comprido, que lhes possibilitava alcançar o caldeirão, mas não permitia que colocassem a sopa na própria boca.
O sofrimento era grande.
Em seguida, Deus levou o homem para conhecer o céu.
Entraram em uma sala idêntica à primeira: havia o mesmo caldeirão, as pessoas em volta e o mesmo tipo de colher de cabo comprido.
A diferença é que todos estavam saciados. Não havia fome, nem sofrimento.
“Eu não compreendo”, disse o homem a Deus, “por que aqui as pessoas estão felizes enquanto na outra sala morrem de aflição, se é tudo igual?”
Deus sorriu e respondeu:
“Você não percebeu? É porque aqui eles aprenderam a dar comida uns aos outros.”
Eis a questão.
O andar da carruagem sugere a transformação do Brasil numa grande maçaroca de gente desamparada.
Um país incapaz de atender suas demandas internas, completamente empobrecido, apesar de toda a riqueza à nossa volta.
Uma armadilha que criamos para nós mesmos, e que somente será desarmada quando aprendermos a alimentar os outros.
E não há como aprender isso sem resgatar os princípios éticos que deveriam nortear nossa sociedade.
A começar por rejeitar completamente qualquer tipo de mentira.
E se interessar pelos outros.
Nesse sentido, se você chegou até aqui, deveria considerar participar do nosso fórum.
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