Nos últimos anos, o uso da maconha para fins terapêuticos ganhou destaque, especialmente no que diz respeito ao tratamento de condições neurológicas.
Entre essas condições, as convulsões em idosos com demência têm recebido atenção crescente, uma vez que a demência, especialmente a doença de Alzheimer, pode estar associada a episódios convulsivos.
Estudos sugerem que compostos da maconha, como o canabidiol (CBD), podem ter propriedades antiepilépticas e neuroprotetoras.
Canabidiol e o controle das convulsões
A demência é uma condição progressiva que afeta a cognição e pode resultar em convulsões, complicando ainda mais os cuidados dos pacientes.
Em uma pesquisa realizada por Devinsky et al. (2017), foi identificado que o CBD demonstrou eficácia no controle de convulsões em epilepsia refratária, e há implicações de que semelhantes benefícios poderiam ser aplicados em idosos com demência que sofrem convulsões.
Outro estudo de Szaflarski et al. (2018) também indica que o uso de cannabis medicinal tem mostrado resultados promissores na redução da frequência e gravidade das convulsões.
Humanos consomem maconha há milênios
A maconha possui uma história rica e antiga, datando de mais de 5.000 anos.
Originária da Ásia Central, era utilizada em diversas culturas, tanto para fins medicinais quanto rituais.
Os antigos chineses empregavam a planta para tratar uma variedade de doenças, enquanto os hindus a usavam em contextos espirituais.
Na Europa, a maconha era cultivada para produzir fibras e papel.
Durante o século 20, o uso da maconha enfrentou estigmas e proibições, mas nos últimos anos, houve um ressurgimento do interesse médico e recreativo.
Esse interesse resultou em movimentos de legalização e reavaliação de suas propriedades terapêuticas.
Acompanhamento médico necessário
O uso da maconha em idosos deve ser abordado com cautela, a despeito dos benefícios potenciais.
O Sistema Endocanabinóide, que é afetado pelos compostos da maconha, desempenha um papel crucial na regulação de várias funções cerebrais, e a modulação desse sistema pode ter um impacto considerável na demência e nas convulsões.
Porém, efeitos colaterais como sedação, confusão e complicações cardiovascular devem ser cuidadosamente monitorados.
Um estudo publicado na revista “JAMA Network Open” (2021) alerta que o uso indiscriminado da maconha pode agravar alguns sintomas da demência, exigindo uma abordagem equilibrada.
Ciência para entender a natureza
À medida que mais estados e países legalizam a maconha medicinal, a necessidade de pesquisas rigorosas ganha urgência.
Ensaios clínicos controlados e de longo prazo são essenciais para compreender plenamente o perfil de segurança e eficácia do uso de cannabis no tratamento de convulsões em idosos com demência.
Além disso, a individualização do tratamento é fundamental; os médicos devem considerar fatores como interação medicamentosa e a condição geral do paciente.
Em conclusão, embora haja evidências que suportam o uso da maconha na redução de convulsões em idosos com demência, mais pesquisa é necessária para garantir um tratamento eficaz e seguro.
O equilíbrio entre o potencial terapêutico da cannabis e seus riscos, combinado com uma avaliação cuidadosa das necessidades individuais dos pacientes, é essencial para explorar essa nova fronteira no cuidado geriátrico.
Fontes:
- Devinsky, O., et al. (2017). “Cannabidiol in Patients with Drug-Resistant Epilepsy: A Multicenter, Randomized Controlled Trial.” New England Journal of Medicine.
- Szaflarski, J. P., et al. (2018). “The Emerging Role of Cannabinoids in the Treatment of Epilepsy.” Epilepsy & Behavior.
- JAMA Network Open (2021). “Cannabis Use and Risk of Cognitive Decline in Older Adults.”