O Ser Verdadeiro Despido e Exposto

Dr. Roger Cole relembra os insights transformadores que obteve quando explorou a questão da morte e do morrer com um de seus grupos. Esse conteúdo está dividido em 5 partes, conforme índice abaixo:

  1. O Ser Verdadeiro Despido e Exposto
  2. Livre de todas as preocupações da vida
  3. Amar e desapegar
  4. Amor espiritual puro
  5. Desapegar e abraçar a luz

Um dos benefícios notáveis da autoconsciência correta é a relativa liberdade em relação às necessidades e dependências que normalmente governam nossas vidas.

Isso também estabelece uma nova referência para os termos ‘propósito’ e ‘significado’.

Tal orientação e liberdade capacitam uma pessoa a experimentar paz e contentamento sem deixar as responsabilidades “mundanas” para trás.

É um estado liberado, ainda assim influente e com o potencial de criar um mundo muito melhor.

Em relação aos cuidados com os pacientes terminais, temos a oportunidade de testemunhar esse potencial.

No meio dos anos 70, Elizabeth Kübler-Ross escreveu um livro marcante: Sobre a Morte e o Morrer.

Ela delineou cinco estágios de adaptação para uma condição terminal: raiva, negação, barganha, depressão e aceitação.

Quando o estágio final de aceitação é manifestado, podemos ver o exemplo da natureza original da alma emergir.

E, dentro desse exemplo, está imerso um espelho de oportunidade; a oportunidade de descobrir nosso verdadeiro ser.

Há um ou dois anos, pediram que eu falasse a voluntários de um sanatório sobre os aspectos espirituais no cuidado com pacientes terminais.

Durante a discussão, falei sobre esse estado de aceitação não como quem simplesmente reconhece a morte, mas como alguém que se compromete com a notável beleza de uma alma.

Com a esperança de fazer uma demonstração, perguntei se alguém ali já havia testemunhado tal beleza no momento de uma morte.

Uma integrante do grupo, June, voluntariou-se e disse que sim.

A morte de sua mãe havia sido assim, com uma aceitação verdadeira, apesar do fato de ela ter ficado de cama completamente dependente.

“Era lindo”, ela disse. “Minha mãe estava radiante de paz e o quarto totalmente preenchido com o seu amor. Todos lá sentiam-se elevados e felizes por sua companhia. Ela parecia muito contente. Era como se estivesse rodeada por luz… como um anjo. Nunca me esquecerei disso. Foi realmente especial.”

Não é mesmo maravilhoso que tal encanto possa emergir no momento da morte?

June e suas irmãs estavam com sua mãe no momento em que ela estava morrendo.

Eu lhe fiz algumas perguntas.

“Sua mãe estava preocupada com alguma de vocês naquele momento?” “Não”, disse June. “Ela sabia que estávamos lá, mas estava além da preocupação de como nós estávamos nos sentindo.”

“E sobre a sua fisionomia e as circunstâncias?”, perguntei. “Ela estava aborrecida por causa de sua aparência, ou sobre a doença, ou pelo fato de estar morrendo?”

“Não…,” ela pausou. “… Mamãe estava em paz consigo. Era como se seu corpo não existisse mais. Havia apenas serenidade, e não havia nenhum tipo de medo ali.”

“E sobre todos os problemas do nosso mundo?”, perguntei. “Sua mãe estava incomodada com os conflitos, privações e confrontos que estavam acontecendo?”

June riu, ao se lembrar da mãe.

“Mamãe sempre tinha uma opinião formada sobre tudo. Ela costumava assumir uma postura rígida em relação aos problemas ou raivosa, ou triste. Mas agora que você mencionou isso… não, ela não estava incomodada. Acho que deve ter simplesmente se desapegado de tudo…” – June hesitou – “…ela se desapegou de tudo.”

Essa última afirmação teve um efeito profundo na sala.

As palavras estavam carregadas de emoções positivas. Houve uma pausa, e então um curto silêncio, pleno e integrador.

A vibração do grupo ressoou com paz e harmonia na medida em que eu fiz-lhe a última pergunta.

“Em relação a ‘desapegar-se de tudo’, logo antes de sua mãe falecer, como ela estava? Sua mãe parecia estar carregando o peso de qualquer um dos papéis ou responsabilidades de sua vida?”

“Não, ela se tornou completamente livre… completamente livre!”

Naqueles últimos momentos conscientes de sua vida, a mãe de June havia se tornado completamente livre. E liberada.

  1. O Ser Verdadeiro Despido e Exposto
  2. Livre de todas as preocupações da vida
  3. Amar e desapegar
  4. Amor espiritual puro
  5. Desapegar e abraçar a luz
Roger Cole é médico especialista treinado em oncologia. Atualmente ele dirige o Palliative Care Service (Serviço de Cuidados Paliativos) na Austrália. Esse texto foi extraído de seu próximo livro a ser lançado, A Tapestry of Light (Uma Tapeçaria de Luz). Foi originalmente publicado por BK Publications (www.bkpublications.com) na Retreat Magazine.
Fonte: Brahma Kumaris
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