Temos nos identificado com muitas coisas externas.
As pessoas têm muitas faces.
Nossa identidade está nas roupas que usamos, nos empregos que temos, onde vivemos e assim por diante.
Algumas pessoas são completamente diferentes no trabalho do que são em casa.
Eles mostram somente uma parte deles no trabalho. Num certo sentido, enganam seus colegas.
Na Prisão Estatal Holandesa, ensinei meditação para homens jovens, os quais estavam lá por causa de crimes relacionados com drogas.
Então, além de suas penas, eles eram viciados. Não era um grupo fácil!
Foram-lhes oferecidas sessões de psicoterapia para torná-los conscientes da dor de seu passado.
Isso é importante, pois tinham tentado fugir do passado por meio das drogas.
Depois que eles ficaram sóbrios, tive a oportunidade de fazer sessões de meditação e pensamento positivo com eles.
Esses garotos ensinaram-me muito sobre mim.
Eles não deixaram nada a que se agarrar, nada com o que se identificar.
Seus amigos e namoradas não queriam mais vê-los; muitos deles haviam perdido seus dentes e cabelos.
Falei com eles sobre prisão em liberdade.
Eles sempre falavam para mim: “O que você sabe sobre prisão? Quando você sair desse lugar, estará livre.”
Mas o que é liberdade?
Talvez eu esteja viciada no meu trabalho, no meu relacionamento ou em negatividade.
Essas jaulas da alma também são prisões.
Alguns de nós estamos presos de forma tão firme, que é como se tivéssemos dado a nós mesmos uma sentença para a vida toda.
Eu digo aos reclusos que honestamente não sei quem está mais livre, eles ou nós do lado de fora.
Afinal de contas, eles têm todo o tempo do mundo para repensar suas vidas.
Longe da luta da vida diária, é muito mais fácil mudar padrões.
Algumas pessoas gastam muito dinheiro para passar o tempo num retiro ou numa ilha privada apenas para afastar-se de tudo a fim de colocar as coisas em ordem.
Quando digo àqueles jovens na prisão que algumas pessoas podem até ter um pouco de inveja deles, eles riem, mas entendem.
Eles também estão abertos à meditação. E amam isso.
Deitam-se no chão, acomodam-se em suas cadeiras, às vezes choram.
Por alguns minutos experimentam-se como realmente são.
Sentar-se junto em meditação faz você esquecer que está na mesma sala com assassinos e assaltantes. Eles também se esquecem dessas coisas.
Nós simplesmente sentamos juntos e esquecemos as máscaras.
Encontramo-nos como almas.
Em terapia, as pessoas frequentemente focam somente naquilo que deu errado.
Quando encontro esses garotos, eu lhes digo, “Esqueçam-se um pouco de seu passado. Vejamos quais qualidades e especialidades vocês ainda deixaram”.
Quando eles expressam algumas dessas qualidades, eu os relembro disso. Não me lembro de seus nomes, mas me lembro de suas qualidades.
O perdão é muito importante para eles.
Somente quando aprenderem a perdoar-se é que podem abandonar suas identidades falsas.
Eles precisam entender por que estavam fazendo aquelas coisas: não é porque são pessoas más, mas por causa da falta de entendimento.
Somente assim eles podem perdoar e reconquistar sua autoestima novamente.
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Jacqueline Berg, escritora e autora, é diretora da Brahma Kumaris na Holanda.
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Fonte: Brahma Kumaris