Lembro-me de uma manhã quando estava sentada no sofá – meditando – quando um dos vizinhos passou pela janela.
Antes disso, havia pegado uma revista e fingia lê-la.
Por tanto tempo vivi com a ideia, “Eu faço, portanto eu sou.”
Tinha receio de que os vizinhos pensassem que eu não estava fazendo nada.
Mas estava mais receosa ainda daquela voz interior, o Crítico Interno, que me puxou para além dos meus limites durante muitos anos.
Agora que minha mente estava se tornando mais silenciosa, tornei-me mais consciente dessa voz interna.
Custou-me certo tempo para entender o que esse criticismo interno faz, o quão destrutivo ele é.
Muitas pessoas confundem criticismo com intelectualismo; eles pensam que é bom ter opinião sobre tudo e julgar os outros.
Mas descobri que ele realmente é um hábito muito negativo.
Machuca os outros, e, acima de tudo, você se machuca com esse tipo de julgamento negativo.
Acho que ele deriva da noção errada de perfeccionismo.
Perfeccionismo não é o mesmo que perfeição no sentido de inteireza.
“Ser completo” significa ser completo com todos os poderes e virtudes dentro do eu.
Perfeccionismo é algo diferente.
Perfeccionistas tentam controlar pessoas e situações de modo que nada dê errado.
Eles querem que tudo aconteça tranquilamente e não conseguem lidar com imprevistos.
Ao invés de focarem-se na beleza da vida, são obcecados pelos defeitos e imperfeições deles próprios e dos outros.
Corrigem a eles mesmos e aos outros continuamente – às vezes em palavras, sempre em pensamentos.
Não estou dizendo que não devemos tentar tornar as coisas melhores e nos esforçarmos para a perfeição.
Afinal de contas, todos viemos de um estado de harmonia interna e completude.
Então, é muito natural que queiramos retornar àquele estado uma vez mais.
Mas a raiva projetada por ter perdido sua própria perfeição não vai trazer a completude de volta.
De fato, isso cria muitos problemas nos relacionamentos.
Não é fácil enfrentar, ou mesmo ver, os seus próprios defeitos.
É mais fácil ver isso nos outros, e então, o Crítico Interno os ataca.
E sempre há alguma coisa: a maneira como alguém se veste, fala, comporta-se… não há fim para isso.
Mas o que estamos realmente fazendo é criticar nosso próprio comportamento.
A maneira de conhecer o Crítico Interno é prestar atenção aos seus sentimentos: como eu me sinto sobre mim?
Como me sinto sobre as outras pessoas?
Leão ou ovelha – Convivendo Comigo
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O Crítico Interno
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Perdoe a si mesmo
Relacionamentos verdadeiros começam com silêncio
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Jacqueline Berg, escritora e autora, é diretora da Brahma Kumaris na Holanda.
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Fonte: Brahma Kumaris